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Instagram escolheu Brasil para testar nova ferramenta dos Stories que lembra o TikTok

‘Cenas’ permite adicionar músicas, fazer cortes de imagem e aumentar a velocidade, assim como o aplicativo chinês TikTok, que virou febre.

Instagram anunciou que vai testar, exclusivamente no Brasil, uma nova funcionalidade da plataforma. Nesta terça-feira (12) a empresa lançou para os usuários no país a função “Cenas”, que vai permitir edições em Stories, com cortes de imagens, inclusão de música e mudanças na velocidade dos quadros.

A nova função lembra o TikTok, aplicativo chinês de dublagens que virou febre, principalmente entre pessoas mais jovens e que já tem mais de 1 bilhão de usuários no mundo.

Além de poder criar um novo tipo de Stories, as “Cenas” também serão exibidas na aba “Explorar”, com base nos interesses e nas interações que o usuário já tem. O conteúdo vai ser apresentado de acordo com quem o usuário já segue e com as tendências de interesse da pessoa.

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Como funciona?

Para começar a fazer uma “Cena”, é só acessar a nova função pela câmera, no mesmo lugar que seria usado para criar os Stories. A funcionalidade fica ao lado dos já conhecidos “Boomerang” e “Live”.

O conteúdo criado pode ser compartilhado com todos os seguidores, com a lista de melhores amigos ou diretamente com algum contato específico.

Veja quais são as ferramentas disponíveis para criar uma “Cena”:

  • Música: é possível selecionar uma música que já existe na biblioteca do Instagram;
  • Velocidade: permite acelerar ou diminuir a velocidade dos quadros do vídeo;
  • Temporizador e contagem regressiva: permite ao usuário gravar com as mãos livres ou sincronizar a gravação com a música escolhida;
  • Ferramenta “Fantasma”: essa é a função que permite fazer cortes e adicionar novas cenas ao vídeo, com diferentes trechos, que podem ser ordenados. Também é possível revisar o trecho clicando na imagem, ou excluí-lo e gravá-lo novamente.

Concorrência com TikTok

As funcionalidades lançadas nesta terça são muito semelhantes às da rede social TikTok, da empresa chinesa Bytedance. O TikTok funciona em torno de áudios e músicas, com os usuários usando e reutilizando áudios, com novas interpretações e performances.

No TikTok, o público é mais jovem do que nas redes sociais do Facebook, que é dono do Instagram e também do WhatsApp. Segundo uma pesquisa da consultoria Morning Consult, entre adolescentes de 13 a 16 anos o uso do TikTok já superou o do Facebook — 42% das pessoas nessa faixa usam TikTok, contra 41% do Facebook. Apesar disso, o uso do Instagram é de 79%. Entre os jovens de 17 a 21 anos, o uso do Instagram é de 84%.

Pensando em atingir o público mais jovem, o Facebook tem investido em iniciativas para o Instagram e até criou um aplicativo novo, chamado Threads — ele é vinculado à plataforma e funciona como uma espécie de chat de conversas apenas com pessoas que estão na lista de melhores amigos.

Para Isabela Ventura, presidente da Squid, empresa especializada em marketing de influência, faz sentido testar essa ferramenta no Brasil, justamente pela conexão que existe entre música e rede social no país. “O foco do Instagram tem sido gerar engajamento e conversas, com música, perguntas e respostas”, disse.

O Instagram afirma que o interesse nesse tipo de conteúdo musical é o que levou a plataforma a investir nas “Cenas”. Segundo a empresa, mais de metade dos usuários viu Stories que tinham o adesivo de música no último mês. São 500 milhões de pessoas usando os Stories diariamente.

Para Ventura, a implementação das “Cenas” é uma maneira de barrar o crescimento de concorrentes como o TikTok no Brasil. “A atual comunidade do Instagram é muito maior do que essas. [Essa nova função] dá oportunidade, ferramentas, para que o criador de conteúdo que está na rede social seja mais criativo e mais interessante para a própria rede”, afirmou.

Já existia ainda um movimento de usuários que criavam no TikTok conteúdos que depois eram compartilhados também no Instagram.

Não é a primeira vez que o Facebook incorpora elementos de concorrentes em suas redes sociais. A própria chegada dos Stories, em 2017, foi uma maneira de lidar com um concorrente que cresceu muito entre 2015 e 2017, o Snapchat. Na época, não só o Instagram recebeu Stories, mas também o Facebook e até o WhatsApp.

O Facebook tem motivos para querer se manter como líder nas redes sociais: ter um ambiente digital em que as pessoas queiram estar e compartilhar suas histórias, fotos e momentos é importante para a empresa — o modelo de negócio é justamente vender publicidade direcionada nas redes sociais. No terceiro trimestre deste ano, o Facebook faturou US$ 17,3 bilhões com publicidade. O lucro foi de mais de US$ 6 bilhões.

Zuckerberg já criticou rede chinesa

A preocupação do Facebook com a ascensão da rede TikTok não vem de hoje. No início de outubro, em áudios vazados de uma reunião com funcionários, o presidente do Facebook, Mark Zuckerberg, já tinha falado sobre isso, dizendo que a empresa se preparava para testar uma nova rede, chamada Lasso, que competiria com o TikTok em alguns países.

“Nós temos um produto chamado Lasso que é um aplicativo independente em que estamos trabalhando, tentando encaixar o produto em países como o México. […] Queremos ver primeiro se conseguimos fazer isso dar certo em países onde o TikTok não é tão grande antes de competir em países onde eles já são grandes”, disse Zuckerberg.

Ele voltou a falar do TikTok, em tom mais agressivo, durante um discurso em que falou sobre liberdade de expressão. Na ocasião, ele citou o TikTok como exemplo de rede que pratica censura com alguns tipos de conteúdo.

“Enquanto nossos serviços, como o WhatsApp, são usados por manifestantes e ativistas por causa da criptografia forte e proteção da privacidade, no TikTok, o aplicativo chinês que cresce mais rápido no mundo, menções a esses protestos são censuradas, até mesmo nos EUA. Essa é a internet que queremos?”, perguntou.

Fonte: G1


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